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quinta-feira, 12 de julho de 2012


Dia 28 de julho, tem a peça A MOÇA DE BAMBULUÁ na
MOSTRA DE TEATRO MONTE AZUL.
16h - Entrada Gratuita (retirar ingresso com 1 hora de antecedência)
Para todas as idades!

domingo, 8 de julho de 2012

FULÔ no VII FESTIVAL DE TEATRO DE PARANAVAÍ


Foto por Herikson Souza

No dia 08 de junho estivemos em Paranavaí, Paraná, apresentando a peça A MOÇA DE BAMBULUÁ. Além de todas as pérolas dos inúmeros encontros artísticos e familiares que tivemos, recebemos os prêmios de:

Melhor Ator para Thiago Fernandes de Freitas

Melhor Espetáculo pelo voto do Juri Popular

Brotaram fulores!
ARTE como INSPIRA-AÇÃO


Foto Herikson Souza


Viagem é oportunidade. Presente surpresa. Oportunidade de surpreender-se.

Botamos o pé e os instrumentos na estrada para mais um encontro.

O primeiro fora do estado de São Paulo. Destino: Paraná, que significa ‘Grande Rio semelhante ao Mar’.

O encontro se deu mais especificamente em Paranavaí, uma pequena cidade do noroeste do estado. A Cidade Poesia.

O nome da cidade é um neologismo criado pela junção dos nomes de dois rios: o Paraná e o Ivaí.  A mistura de nomes indígenas traz o sabor da farofa brasileira.

Além de cidade poesia, que traz farofa no nome, Paranavaí é cidade de origem. Da minha origem. E fiquei muito feliz de poder retornar à cidade que nasci, cresci e vivi até os 16 anos, e me reencontrar com ela através da arte e em companhia de meus parceiros-irmãos de trabalho.   

Participamos do VII Festival de Teatro da cidade. A apresentação aconteceu na praça do Teatro Municipal, uma construção nova, centro irradiador de arte e inspiração.

A plateia era formada por artistas locais e de fora, parentes próximos, amigos de infância, desconhecidos conterrâneos...  bebês, crianças, jovens, adultos, idosos, formando o nosso semicírculo mestiço do encontro.

Bem no meio da meia lua estavam duas presenças muito especiais para essa viagem de retorno à cidade de origem: meu avô de 86 anos, Vô Paulo, e a avó do Thiago, Vó Ilda, que, não por acaso, mora ali, pertinho, numa outra pequena cidade.

Todas as presenças são essenciais em um encontro. Mas hoje peço licença para falar da presença dos avôs.

Vô e vó estavam de coração aberto à experiência. E quando o encontro começou, ele já não era o meu avô ou a avó do Thiago, eles eram as presenças anciãs. Os corpos esculpidos pelo tempo em nenhum momento se desajeitaram na cadeira. Dos olhos atentos e profundos saíam faíscas do novo.

A presentificação da narrativa ganhou outra dimensão. Ao recontar a história antiga de João, olhando nos olhos dos avôs - os senhores das experiências – compreendi sentidos e tive percepções da narrativa até então desconhecidos. A narrativa saia de mim, passava por eles e voltava outra: repleta, renovada, refinada pelo encontro.

Palavras abriam caminhos e (re)faziam conexões. Uma comunicação outra, possibilitada e protegida pelo encontro artístico, deu-se: com a presença anciã e com o lugar de origem.

Do encontro, saio com a sensação de que também algo mudou na paisagem interna dos presentes a partir da experiência.

Na semana seguinte a apresentação, minha mãe me liga contando que sugeriu ao meu avô que desse flores a sua esposa no dia dos namorados. Ele adorou a ideia e escreveu um cartão que dizia mais ou menos assim: ‘Para a minha formiguinha, do seu eterno namorado’. Em mais de 40 anos de casados ele nunca havia dado flores a sua segunda companheira de vida.

Creio que ventos sopraram na paisagem interna e reverberam na paisagem externa.

Renata Vendramin