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terça-feira, 26 de julho de 2011




Macunaíma na casa de seu pai!!!



Tambores cantaram e paredes dançaram na Biblioteca Mário de Andrade neste último sábado em mais um encontro do ciclo "Literatura, vestibular e algo mais". Macunaíma nasceu e renasceu no jogo de presença entre Pedro Fragelli, Cia da Fulô, os presentes, o espaço e o invisível.


"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente..."




No próximo sábado, dia 06 de agosto, é a vez de experienciar Carlos Drummond de Andrade em "A Rosa do Povo". Bate papo com Eduardo Sterzi.


Sábado das 15:00hs às 17:30hs.
Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94.
Metro Anhangabaú.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Teatro nos Parques: Brotou Fulô!

Estávamos depois da apresentação guardando os instrumentos, figurinos e bancos no carro, dialogando com o céu carregado, pronto para desaguar, quando um pai com seu filho dos olhos verdes brilhantes, com umas cinco ou seis primaveras de vida, chegou e nos disse:

- Meu filho acabou de me dizer: "Pai, meu domingo foi maravilhoso!"

Nossos corações sorriram. Alguma coisa dentro indicava que estamos no caminho de Fulô.

Fizemos duas apresentações no último final de semana do Teatro nos Parques, edição 2011. Um projeto que com muito gosto e admiração fazemos parte. Que traz em sua essência conceitos, reflexões e propostas de ações que dialogam conosco. A busca é pela difusão, democratização da arte; por oferecer entretenimento, encontros de alegria e reflexão sobre as realidades sociais, políticas, culturais, espirituais, para além dos grandes centros da capital paulista. Como não podia ser diferente, o projeto abarca diversas propostas cênicas, desde a peça de caráter espetacular ao contador de histórias, revelando distintos pontos de vistas em relação à arte.

A primeira apresentação aconteceu no Paço de Diadema. Era a primeira vez que o Teatro nos Parques se apresentava ali. Respirando o novo, ocupamos um círculo do Paço ao lado das quadras de esportes. Nós e as bolas de futebol girando no espaço simultaneamente. Os dois jogos - o de futebol e o cênico - tinham platéias que as vezes se confundiam. E nesse diálogo entre nós, o público, o espaço e suas diferentes manifestações, sempre com muito respeito e pedindo licença, nossas canções ecoaram, as palavras e os movimentos se revelaram. Senhoras, senhores, moças, crianças e até jovens e meninos deixaram-se atravessar pelo novo em atenção silenciosa. Seguimos em dança harmônica, nós, os jogadores de futebol, o público sentado nos bancos, no chão, o barulho da grande avenida, vez ou outra em interferências dissonantes, mas que traziam vida à canção que compúnhamos juntos. Cada um tinha a chance de escolher a que realidade conectar-se. Novas possibilidades de encontro e experiências se apresentavam.



O segundo parque, Lydia Natalizio, já havia recebido outras vezes o projeto Teatro nos Parques e o ambiente estava bem receptivo ao encontro. Na chegada fomos recebidos pelos guardas, o produtor do Teatro nos Parques e pelo cachorro Pirata, um cão que circula no parque e está acostumado a acompanhar as peças de teatro que ali se apresentam. Durante o aquecimento de voz Pirata ficou quietinho, deitado ao lado do círculo que formávamos. O público sentado no gramado debaixo de algumas árvores era composto de três gerações: filhos, pais, avós, tamanhos, cores, risos, olhares diversos. Digo sem titubear que foi a melhor apresentação que fizemos até hoje (e é muito bom para um grupo de teatro dizer que a última apresentação feita foi a melhor, sinal que a peça está viva e pode evoluir sempre!). Quando os pandeiros tocaram no "Grande Poder", Pirata começou a latir e assim ficou durante um bom tempo da canção, mas quando os berrantes soaram e chamaram Fulô, Pirata sossegou.

Como narradora, jogando com meus amigos amados, parceiros de cena e de reflexão sobre a arte, senti-me livre, conectada, inspirada pelo momento presente, que faz com que enxerguemos coisas antes veladas pela nossa vista embaçada e nossa mente condicionada. Brotou uma alegria outra, palhaços-narradores se apresentaram, portas se abriram através de gestos-chaves íntegros e precisos, todos os pequenos contratempos que aconteceram foram integrados à dança do momento presente com graça e leveza e, assim, voamos para outros mundos para voltar transformados e atuar no mundo em que escolhemos viver neste momento.
Assim que a narrativa acabou outra manifestação espontânea de uma mulher nos sensibilizou de maneira especial, como se outro entendimento do que é o nosso trabalho - que vai muito além dos nossos desejos e do que nossa consciência alcança -se revelasse dentro de nós:

- "Eu voei... Na minha idade, com 50 anos, não é fácil fechar os olhos e voar, e hoje eu voei em cima da águia."


Agradecemos a oportunidade de participar do Projeto Teatro nos Parques. Agradecemos aos produtores que nos receberam com alegria e prontidão, Dudu e Marcelo. Agradecemos ao Edson Caeiro, um dos coordenadores do Projeto, que esteve presente nos dois dias de apresentação. Agradecemos a todos que nos presentearam com suas presenças como público; aos amigos parceiros, Vila e Rune, sempre dispostos a doar seus talentos e equipamentos para nossos registros fotográficos e audiovisuais. Findo emprestando a simplicidade dos olhos verdes brilhantes, com suas cinco ou seis primaveras floridas, para agradecer à Força Divina: "Obrigada Pai, meu domingo foi maravilhoso."

Renata Vendramin




Fotos: Vila