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sábado, 15 de outubro de 2011


Narrativa na sala de casa


Como que se assim o fosse: fomos.
Lá chegando ganhamos, pelo presente do presente, a alegria de estar e narrar.
De cantar e encantar.
Da criança ao adulto.
Do Bebê ao vovô.
De aprendizes de Capoeira à mestres de Capoeira.
E assim...
Foi.
“A Moça de Bambuluá” de repente apareceu na casa do Dinho Nascimento.
Ali.
Bem ali.
No Morro.
Na casa.
Na sala.

-“Empurra aquele sofá pra lá... Isso... Pode irar esse banco aqui também, ó”.

E esse foi o nosso 27 de setembro: fulores na cozinha de branco e pano na cabeça   mexendo Carurú. Fulores na sala varrendo o chão. Fulores na janela fotografando tudo então. 
       
E era bonito de ver olho estatelado vendo movimentação.
Era bonito de ver ouvido atento recebendo narração.
Era João tocando sua viola.
Era a moça de Bambuluá toda florida.
Era melodia astuciosa pela porta. Pelas janelas. Fluxo invisível governando o ar, o chão, as colunas e as paredes da casa cheirosas de caruru.
Sonora sedução.
Música e dança de feitiço e alumbramento.
E tudo isso era nosso.
De quem estava ali.
Compartilhando essa experiência.
Vivenciando essa ação.
Da palavra.
Do canto.
Da Dança.
Aprendendo a simplicidade do pequeno.
Do necessário.
Do essencial.
Um lindo encontro.
Aconchegante.
Íntimo. 
Caseiro.
Alegre encanto numa linda festa de Cosme e Damião.

E foi assim que foi.
E foice.
E se assim o fosse?
Se.
Sempre.
Assim.
Doce.

Texto por Thiago Fernandes Freitas, foto por Kátia Kuwabara.