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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Da boca para o ouvido: a arte do doar e receber.



"Deus deve gostar muito de histórias para ter criado os homens." Eu nem me recordo onde li essa frase mas nunca mais esqueci. Todos somos contadores de histórias, narradores por natureza. 
Antigamente a preservação da memória e a transmissão dos conhecimentos eram feitas somente através da oralidade, da boca para o ouvido. Hoje temos outras formas de registro e difusão do conhecimento, mas conservamos em nós o gosto pelo ouvir narrativas, por criar imagens através da palavra narrada, cantada e dançada.

Este gosto por ouvir histórias não tem idade. Quando estamos dentro do círculo como narradores, vemos o brilho nos olhos da criança, do jovem, do senhor, da senhora, que se tornam todos ouvintes, atentos por descobrir o que aquela história vai lhes revelar. Antigamente também não havia distinção entre histórias para crianças e histórias para adultos. Haviam simplesmente histórias! Para serem compartilhadas com todos, pois diziam respeito ao ser humano. E tão importante quanto a narrativa contada era o encontro que ela proporcionava à comunidade.

A Cia. da Fulô ao riscar o círculo de giz no chão do CCSP busca resgatar a atmosfera desses encontros ancestrais - sem saudosismo. Pelo contrário, reconhecendo que a vontade de narrar e ouvir histórias ainda pulsa em cada um de nós, lançamo-nos no círculo para presentificar cada uma das histórias e experienciar o encontro com os ouvintes, para aprender o que esta "arte do doar e receber" ainda tem por nos ensinar.


Texto por Renata Vendramin
Foto por Paula Marcelle

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