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domingo, 17 de abril de 2011

A Céu Aberto

Uma palavra bem dita abre corações, estremece almas, transforma vidas. Mais um encontro se deu a céu aberto na Praça Cornélia. Numa tarde de sexta-feira, sob uma sombra fresca, no círculo no centro da Praça. A sexta-feira, as árvores, a sombra poderiam passar despercebidas mais uma vez, como de costume, sem o convite do encontro. Chegamos com nossas cores e instrumentos em silêncio respeitoso pedindo licença à natureza que nos oferecia um dia tão lindo. Entre uma barraca e outra da Feira de Artes o convite foi feito: a narrativa vai começar! Foi chegando um e outro, ainda meio sem jeito, tímidos. Os berrantes, cumprindo seu papel com maestria, trouxeram mais alguns interessados. Interessados em experienciar, assim como nós, atores, que mesmo conhecendo a narrativa do início ao fim, nos abrimos para uma nova experiência a cada novo encontro. É como a sombra da árvore, que é sempre única se nos permitirmos percebê-la. Nessa viagem ao desconhecido que é o momento presente, palavras foram sendo narradas, a poesia de Ricardo Azevedo nos atravessando foi ganhando vida, do nosso jeito, ouvidos atentos, olhos curiosos, curiando... de um trecho a outro a relação entre narrador e ouvinte vai se fortalecendo, vínculos se criam ao compartilhar a história tão íntima, tão verdadeira, de João, nosso viajante. Surge uma confiança de amigos que abre espaços, expande horizontes, que deixa o ouvinte à vontade para se entregar à narrativa, que deixa o narrador livre para revelar formas que ele mesmo desconhece. Surge um espaço de criação, um espaço vivo, em que a vida pulsa em palavras, músicas, movimentos, sonoridades, respirações, olhares vibrantes. Surge um espaço, neste tempo outro, sem passado nem futuro, em que nos é possível ver com os olhos da alma a nós mesmos e as realidades que nos cercam.


Renata Vendramin


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